sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Morte de um ator.

Ela era uma pessoa que gostava de estar em evidência sempre, adorava ser notada, sentia prazer em perceber os outros conversarem sendo ela o assunto. Para isso, viveu ao menos dez de seus trinta anos a inventar doenças, a zombar dos outros, a passar, de propósito, pelas calçadas das obras que encontrava nas ruas da cidade.

Chorava sem motivo para ganhar atenção, por vezes fingia desmaiar nos coletivos lotados e estapeava algum homem com aparência humilde ou bêbado enquanto gritava que estava sofrendo assédios sexuais.

Poucos os que realmente gostavam dela. Eram esses: sua família e dois ou três amigos (as). A maioria a aturava, pois ela tinha algo na sua personalidade que fazia as pessoas temerem-na.

Eis que a vida - pegadinha do malandro que é - lhe pregou uma peça no maior dia de evidência de sua vida, disse ela a mãe este ser o dia mais feliz de toda sua existência, dia do seu casamento.

Já no altar, junto do noivo, do padre, dos padrinhos e dos coroinhas, se sentido uma verdadeira deusa no meio de toda aquela armação ela repetia as palavras que o padre lhe soprara, na parte do juramento de fidelidade ao cônjuge. Quando, de repente, um peido, escandaloso e impossível de segurar lhe escapou das entranhas. O coroinha que mantinha os olhos na noiva explodiu em risadas, enquanto gritava:

- Ela peidou, ela peidou.

Ela olhou para os convidados. Nisso todos eles chegaram até a engasgar com a gargalhada. O som estridente das risadas ecoou por toda a igreja e penetrou de forma abrupta o seu cérebro. Ela olhou para cima e viu a escultura pregada na cruz ganhar vida de tanto rir.

Correu como louca pelo tapete vermelho, desceu as escadas da igreja, entrou no carro todo enfeitado com latinhas amarradas por cordinhas na parte traseira do automóvel e saiu cantando os pneus.

O carro foi encontrado, ela não, mas para sempre, para os convidados daquela cerimônia e suas próximas gerações, sua historia estará eternamente viva.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Contradições da vida

Durante toda sua vida se amaldiçoou por não ter um carro

mas com muita divida e suor, finalmente, o grande e feliz dia chegou

ao sair de casa para dirigir pela primeira vez não conseguiu se locomover porque o congestionamento dominou a cidade toda

arrependeu-se até o dia de sua morte por ter vendido sua velha bicicleta velha

nunca mais encontrou outra à venda.



domingo, 15 de fevereiro de 2009

à minha MUSA

Sinônimo de coisas ruins é tua fama
Discordo disso com razão:
maldita e perversa depravação

Isso que vêem em você
quando chega a claridade.
Todos negam seus prazeres,
até mesmo as lições
e a cada dia aumenta mais
Com o avanço da idade.

Talvez percebam um dia,
Em tu, as mais belas alegrias;
os mais sinceros amores;
a aproximação à nossa essência;
quando quem fala é o coração
Desimpedido do não!

Quando as portas das verdades
Abertas... –
Seja a causa o álcool...
ou a excitação,
A mentira inexiste
Se houver é para chegar à satisfação
Assim é livre de punição.

Em você o barulho dorme.
Seu silêncio acorda a alma
em busca da calma,
forçado pela natureza do ser;
De ser bicho, de ser cão!
Todos querem, todos vão!

Tímidos; assim nos apresentamos
antes do tempo e sem contá-lo
fazemos de ti nossa mãe
como aquela que balançando...
punha-nos a dormir...
A diferença são os seios...!
não são os mesmos
E sim dos amores que nos destes
tu és alegre, és celeste.

Você só carece de uma coisa...:
crianças, isso falta,
tão inocentes, verdadeiras,
dormem hoje, o seu sono tranqüilo,
o sono que você concede
Mas amanhã..., talvez depois de amanhã...
ao lhe conhecerem
Voltaram a ser crianças novamente
Elas receberão de você o maior presente
A leveza que o dia deixou de ter
ao se fazerem gente.



Por tudo isso e muito mais,
obrigado, NOITE, sempre quente.